sexta-feira, 29 de outubro de 2010

"O valor das coisas"

   Atualmente sou um cara extremamente incomodado com o preço dos imóveis no Brasil. Isso porque o tempo todo fico questionando qual seria o real valor de tudo. Quando vamos ao cinema e vemos aquele sacão de pipoca sendo vendido a uns R$ 10,00 me dá até azia. Sempre penso no custo-benefício de tudo e a palavra "caro", para mim, não significa algo de preço elevado. Caro é algo que tenha seu "preço" muito acima de seu "valor".
   -ÉIN???

   É simples. Precisamos aprender a diferença entre preço e valor dos bens. Preço é o que alguém cobra por alguma coisa. É o preço que determina o que será pago pelo mercado quando da compra do bem. Já a palavra "valor" apresenta uma conotação completamente diferente. O valor é pessoal, é intrínseco ao homem. Poderíamos dizer que valor é o aspecto subjetivo do preço. Talvez as pipocas não valam R$ 10,00 para mim, mas para um amante de pipocas de cinema é possível que R$ 10,00 seja uma barganha! Perceberam a diferença? O preço é o mesmo, mas o valor é subjetivo.
   Passemos, então, a aplicar a idéia de valor aos investimentos. Existem basicamente três tipos de ganhos de capital na sociedade: o salário, o aluguel e os juros. O salário é o pagamento pelo trabalho humano. Este dispõe de parte de seu tempo e energia em troca de capital, pago por outro. O aluguel é similar ao salário, só que o homem dispõe, em troca do capital, de uma propriedade sua, ao invés de seu tempo e energia. Por fim, os juros são a remuneração sobre a disposição do próprio capital. Em troca dessa disposição por determinado período será pago mais capital.
   -Mas o que isso tem a ver com valor?
   O valor está justamente na comparação entre os tipos de rendimento, ou ganhos de capital. Em texto anterior expliquei para uma tia que não valeria a pena retirar seu dinheiro de um CDB (juros) para investir em um imóvel (alugueres). Isso porque haveria redução no ganho sobre o capital investido, caso ela o fizesse. Em termos de investimentos porderíamos dizer, então, que haveria perda de "valor" do investimento.
   Para saber o que "vale" mais a pena é necessário pensar no retorno que será trazido, compensado pelo risco inerente ao investimento. E é aí que chegamos ao ponto principal do que pretendemos tratar neste artigo. Os imóveis no Brasil estão incrívelmente "caros" (preço > valor) quando comparados a outros tipos de investimentos.
   Hoje um imóvel residencial praticamente não se sustenta com os alugueres recebidos. Só para ilustrar, com um exemplo pessoal, a casa em que moro é alugada por aproximadamente 0,3% de seu valor declarado. Questiono: ela realmente vale isso? Ou será que seu preço está acima do que deveria? Quando era época de renovar o aluguel a imobiliária pretendia aumentar o preço, sob o mesmo argumento de que a porcentagem estava baixa. Um argumento justo no meu ver, se e somente se o preço pago em aluguel não estivesse condizente com as médias de mercado. O que a dona do imóvel deveria fazer? Ao meu ver deveria aproveitar o preço elevado, vender o imóvel, e aplicar em um investimento que lhe rendesse uma porcentagem maior ao mês.
   Provavelmente devido à grande elevação no preço dos imóveis nos últimos anos as pessoas ficaram mal acostumadas a acreditar que essa elevação será eterna. Repito: essa elevação não se justifica caso o retorno sobre o investimento não for chamativo! Ora, aplicamos esta lógica sobre as ações, quando procuramos um investimento em renda fixa, e por que não o fazemos quando o negócio são imóveis? O que eles têm de tão especial que permite que lhes agregue valor e permite que seus preços sejam tão mais elevados? Se alguém souber me avise, pois estou realmente curioso em saber.
   Sobre o que escrevi, e para aqueles que tiverem mais tempo e vontade de saber mais, deem uma olhada nestes vídeos, que foram minha fonte inspiradora nesta forma de pensar sobre o "valor" das coisas. O cara é bom!

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